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Os brasileiros que acharam a saída

Por Caio Cigana

A balbúrdia em que se transformou o Brasil, envolvido em uma crise que parece crônica, gera cada vez mais desesperança. E leva à decisão extrema de tentar recomeçar a vida no Exterior. A Receita Federal mostra que, neste ano, até o dia 19 de junho, cerca de 21,3 mil pessoas entregaram declaração definitiva de saída do Brasil, quase o mesmo número de 2017 inteiro

(21,8 mil). É ainda 54% acima de todo 2015, quando já estávamos mergulhados na recessão e se iniciava a fase mais aguda da turbulência política. No Estado, os números crescem na mesma

proporção. A decisão de deixar o país foi formalizada ao fisco por 382 contribuintes gaúchos

até quase o final do primeiro semestre. Ao longo de 2017, foram 406.




A aceleração é percebida pela consultoria especializada em expatriação JBJ Partners, que opera principalmente entre São Paulo e Miami. Há média de 350 consultas mensais de brasileiros

buscando informações sobre como emigrar. O volume é três vezes superior ao primeiro semestre de 2017. Instabilidade econômica, corrupção e violência são as principais razões apontadas por quem decidiu ser um desterrado.


Em regra, não são os remediados que querem abandonar o país, diz o sócio da JBJ Partners, Jorge Botrel. A maior parte vende o que tem no Brasil e tenta empreender no Exterior.

– Vem muita gente com dinheiro contado. Se o negócio der errado, tem de recomeçar

do zero. São atitudes desesperadas de quem está decepcionado com o Brasil – nota Botrel, relatando casos de emigrados que optam por ganhar menos, mas ter

melhor qualidade de vida e perspectivas para os filhos.


Pesquisa recente da consultoria apontou que, há quatro anos, 41% dos expatriados eram casados e 63% tinham filhos. Agora, os percentuais são de 68% e 83%. Ou seja, mais famílias

inteiras partem para os EUA. Outro problema é a fuga de cérebros. A parcela com formação universitária ou pós-graduação passou de 83% para 93%. Sim, o Brasil tem saída.


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