Mais milionários estão migrando para fugir de conflitos e impostos
Austrália, Estados Unidos e Canadá são os principais destinos enquanto China e Rússia são os países que mais perdem milionários
Por Alexander Sazonov, da Bloomberg
Números apontam para tendências atuais e futuras, diz consultoria (CourtneyK/Getty Images)
Milionários estão cada vez mais buscando melhores lugares para morar.
Cerca de 108 mil milionários migraram em 2018, um aumento de 14% em relação ao ano anterior e mais que o dobro do nível de 2013, segundo a consultoria New World Wealth, com sede em Johanesburgo.
Austrália, Estados Unidos e Canadá são os principais destinos, segundo a empresa de pesquisa, enquanto China e Rússia são os países que mais perdem milionários. No ano passado, 3 mil milionários deixaram o Reino Unido, provavelmente por causa do Brexit e carga tributária.
Os números sobre a migração de indivíduos de alta renda apontam para condições atuais – como crime, falta de oportunidades de negócios ou tensões religiosas -, mas também podem ser um importante indicador futuro, disse Andrew Amoils, chefe de pesquisa da New World Wealth.
“Pode ser um sinal de que coisas ruins estão por vir, uma vez que os indivíduos de alta renda são, muitas vezes, as primeiras pessoas a irem embora – têm os meios para isso, ao contrário dos cidadãos de classe média”, disse.
A Austrália lidera a maioria das “listas de desejos” de imigrantes por causa da percepção de segurança, nenhum imposto sobre heranças e fortes laços comerciais com a China, Japão e Coreia do Sul.
O país também se destaca por seu crescimento sustentado, tendo escapado ileso da crise financeira e evitado recessões nos últimos 27 anos.
Os EUA foram o segundo destino mais popular em 2018, com Nova York, Los Angeles, Miami e Baía de São Francisco como opções preferidas.
Os países recordistas em saída e entrada de milionários; os números estão em milhares, são arrendondados para a casa do milhar mais próxima e considera pessoas que ficam em seu novo país mais da metade do ano (Gráfico/Bloomberg)
A decisão do governo chinês de restringir a saída de capital nos últimos anos colocou muitos dos cidadãos mais ricos do país na mira das autoridades tributárias, provocando um deslocamento dos ativos e pessoas.
Asiáticos de alta renda também se mudam para países desenvolvidos em busca de mais conforto ou melhor educação para os filhos.
A saída de indivíduos de alta renda da China e da Índia não é particularmente preocupante do ponto de vista econômico, já que mais milionários estão surgindo nesses países do que saindo, disse a New World Wealth.
“Quando o padrão de vida nesses países melhorar, vários abastados devem retornar”, disse Amoils.
Mercados emergentes voláteis continuam a impulsionar o movimento, com a Turquia tendo perdido 4 mil milionários no ano passado, o terceiro ano consecutivo que em que muitos indivíduos de alta renda deixaram o país.
Cerca de 7 mil milionários deixaram a Rússia no ano passado, quando o país enfrentava sanções devido à anexação da Crimeia.
O desejo de privacidade também tem levado indivíduos de alta renda a buscarem outro país para morar. Essa tendência é refletida no crescimento da demanda por um segundo passaporte e permissão de residência.
“Muitas pessoas ricas estão buscando oportunidades para reduzir os riscos associados à divulgação de informações sobre suas contas”, disse Polina Kuleshova, da Henley & Partners, que presta consultoria sobre cidadania e publica rankings como o Índice de Qualidade de Nacionalidade.
Por continente. Em laranja: porcentagem daqueles que estão considerando emigrar permanentemente. Em cinza: porcentagem daqueles que estão considerando ter um segundo passaporte ou nacionalidade dupla. Em azul: porcentagem daqueles que já tem um segundo passaporte ou nacionalidade dupla (Gráfico/Bloomberg)
Cerca de 26% dos milionários em todo mundo vão começar a planejar uma mudança de país este ano, um nível recorde, de acordo com o relatório de riqueza de 2019 da Knight Frank.
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