Empresas brasileiras geram empregos nos EUA, mas quem qualifica?
Dados do Mapa Bilateral de Investimentos Brasil / USA 2019, mostram que o estoque de IED (Investimento Estrangeiro Direto) brasileiro nos Estados Unidos cresceu 356% entre 2008, quando era de US$ 9,3 bilhões para US$ 42,8 bilhões em 2017. O Brasil foi o segundo país que mais gerou empregos, atrás apenas do México. Empresas brasileiras, em 2015, detinham US$ 102,2 bilhões em ativos nos Estados Unidos, o dobro de 2009.
O levantamento desenvolvido pela Apex-Brasil em parceria com o Brazil-U.S Business Council e a Amcham Brasil, divulgado este ano, mostra o progresso da relação comercial dentre o Brasil e os Estados Unidos. Um dos pontos relevantes apontados no estudo é a alta geração de empregos pelas empresas brasileiras nos EUA, contribuindo para o menor índice de desempregados nos últimos 50 anos no país.
Empreendendo em diferentes setores como, metais, comércio atacadista e instituições financeiras, em 2015 – dado mais recente divulgado até agora – as afiliadas brasileiras empregaram 74.200 funcionários nos Estados Unidos. De 2009 a 2015, as empresas brasileiras nos Estados Unidos venderam significativamente mais internamente e geraram mais valor agregado nos Estados Unidos em comparação com outras economias, como Índia, China, Rússia e México.
Na contramão da desaceleração econômica no Brasil, os EUA seguem com a menor taxa de desemprego dos últimos 50 anos. No Brasil, o setor de serviços, por exemplo, caiu 0,7% em março de 2019, segundo o IBGE, o terceiro recuo mensal seguido. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, queda foi de 2,3%, a mais intensa desde maio de 2018 (-3,8%), confirmando a perda de fôlego da economia e chance de possível queda do PIB no 1º trimestre.
Essa realidade pode estar impulsionando brasileiros a usarem seus vistos de turista e estudante para permanecer mais tempo do que o permitido no território americano. São pessoas em busca de uma oportunidade melhor de trabalho e vida, mas que escolhem errado e podem acabar comprometendo suas vidas no exterior no futuro. De acordo com o último relatório publicado pelo Department of Homeland Security, nos Estados Unidos, 667 mil indivíduos ultrapassaram seus períodos de permanência em 2018.
Segundo relatório do DHS, o maior número de violadores de permanência vem de quatro países – Brasil, Venezuela, Nigéria e Colômbia. Cidadãos desses países formam 40% das pessoas que violam período de permanência de visto. Brasileiros somam 36,289 indivíduos que ultrapassaram seus períodos de permanência no visto B1/B2, 3,196 indivíduos que ultrapassaram o período de permanência de seus vistos de estudante F1/M1, e 1,041 em outras categorias.
Os dados mostram que houve também um aumento de 7.5% no número de brasileiros que violaram seu período de permanência com os vistos B1/B2 (turismo e negócios nos EUA). O número de brasileiros que detém vistos de estudantes que violaram seu período de permanência aumentou 27,9% entre 2017 e 2018.
Cometer a infração de violação do visto que se tem nos Estados Unidos não é uma boa escolha. Sob a administração do Presidente Donald Trump, as normas para quem comete infrações e delitos seguem sendo alteradas para punir estas práticas. Muitos brasileiros podem qualificar para trazer suas carreiras profissionais aos Estados Unidos de forma legal e segura, mas desconhecem essas possibilidades ou ignoram devido à ansiedade de tentar a sorte de imediato em outro país.
Essa escolha não permite que o indivíduo trabalhe legalmente nos Estados Unidos e possa usufruir desse amplo mercado de ofertas de emprego, podendo inclusive, trabalhar em sua área de formação obtida no Brasil. Ao escolher trabalhar com um visto que não te permite, o profissional se sujeita a práticas excusas do mercado, baixos salários, e condições muitas vezes análogas à escravidão. A realidade é que os EUA tem emprego, mas quem pode se candidatar?
É importantíssimo que os profissionais brasileiros que queiram imigrar aos Estados Unidos para viver e trabalhar percebam que não há mais espaço para tentativas ousadas de ‘risco total’, onde o imigrante deixa tudo para trás. A imigração segue passando por uma profunda qualificação e oferece ao profissional estrangeiro uma série de oportunidades para trazer seu conhecimento, expertise e experiência de trabalho aos EUA da forma correta. Definitivamente acabou a era do imigrante aventureiro que não tem nada a perder, a visão dos EUA agora é a de atrair imigrantes que queiram somar.
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